Para excluir malignidade em lesões suspeitas
Métodos de imagem ajudam a distinguir cistos de endometriose de neoplasias e outras condições

O endometrioma consiste em uma lesão cística benigna, que persiste por mais de três meses, mostrando-se frequentemente multilobulada, com ecos difusos e de baixa amplitude em seu interior, além de focos hiperecogênicos parietais. Em mais de 50% dos casos, ocorre bilateralmente. O diagnóstico diferencial deve ser feito com teratoma, cisto funcional hemorrágico, fibroma, abscesso tubo-ovárico e cistoadenocarcinoma. 

A US é o exame de abordagem inicial para o reconhecimento do endometrioma. O uso de Doppler colorido prova a ausência de fluxo. Contudo, a presença de focos hiperecogênicos parietais, por si só, não constitui sinal seguro da lesão. Quando o padrão ecográfico se apresenta duvidoso, a RM pode esclarecer o diagnóstico e excluir a natureza maligna, pois possui especificidade de 98% para essa finalidade. Os sinais radiológicos típicos incluem hipersinal na sequência T1, com persistência de sinal em T1, além de saturação de gordura e hipossinal em T2, por vezes com aspecto de sombreamento. A sequência ponderada em T1 com e sem supressão de gordura é fundamental para excluir a possibilidade de teratoma cístico – o qual, devido à existência de gordura, apresenta hipossinal em T1, com supressão desta, diferentemente dos endometriomas, que mantêm o hipersinal em tal sequência. 

A perda gradual de sinal em T2 deve-se à acumulação de produtos sanguíneos, ferro e proteínas na hemorragia crônica, permitindo o diagnóstico diferencial com cisto funcional hemorrágico, que não apresenta sombreamento e desaparece nos estudos de seguimento. Usando tais critérios, foram descritas sensibilidade e especificidade de 90% e 98%, respectivamente. Nas situações em que estão presentes padrões atípicos, como espessamentos parietais localizados, a discreta captação no estudo em T1 com contraste ajuda a suspeitar de doença benigna. Vale salientar que o uso de contraste endovenoso é mandatório, uma vez que as lesões sólidas malignas costumam captá-lo de forma significativa, aspecto que pode ser bem identificado nas imagens com subtração.

Parece endometrioma, mas não é

• Teratoma cístico – Apresenta-se tipicamente como uma lesão cística com nódulo parietal marcadamente ecogênico e com projeção endoluminal ou como lesão difusa ou parcialmente ecogênica com atenuação posterior, devido à presença de gordura e cabelos no seu interior ou de calcificações no interior do nódulo de Rokitansky. Pode ainda mostrar-se com múltiplas bandas ecogênicas finas, que correspondem a cabelos no interior do cisto, ou com níveis líquido- -líquido resultantes da interface entre os meios lipídico e aquoso. 

• Cisto funcional hemorrágico do corpo lúteo ou folicular – Regride ou desaparece nos estudos de seguimento. 

• Fibroma – Manifesta-se frequentemente como uma lesão hipoecogênica atenuante, com pequenos vasos no seu interior. 

• Abscesso tubo-ovárico – Acompanha-se geralmente de febre e leucorreia. • Cistoadenocarcinoma do ovário – Pode ser de difícil exclusão, quando estão presentes irregularidades parietais. A ausência de fluxo sanguíneo no interior do cisto ajuda a confirmar sua natureza benigna. Já o fato de a linhagem ser mucinosa pode causar hipersinal na ponderação em T1, simulando o sangramento visto no endometrioma.

01 de dezembro de 2015