Em meio aos impactos da endometriose
Doença, que afeta a mulher em idade reprodutiva, causa dor e infertilidade

Resultante de uma combinação de fatores genéticos, hormonais e imunológicos, a endometriose é uma doença inflamatória que afeta a mulher em idade reprodutiva, caracterizando-se pela presença e pelo crescimento de tecido funcional semelhante ao endométrio fora da cavidade uterina. Tal mecanismo dá origem a uma reação inflamatória crônica, que produz cicatrização fibrótica e aderências. Por vezes, podem se formar endometriomas e haver distorção anatômica das estruturas da pelve. 

A média de idade da detecção da condição situa-se entre os 25 e os 35 anos e sua prevalência, embora difícil de determinar porque o diagnóstico definitivo depende da realização da laparoscopia, é estimada em 6% a 10% da população feminina geral e em 35% a 50% das mulheres com dor ou infertilidade ou, ainda, com ambas as queixas. 

A distribuição das lesões endometrióticas exibe um padrão característico. Os implantes múltiplos são a regra e o local mais frequente em que se instalam é a região retrocervical, junto à inserção dos ligamentos uterossacros – afetando cerca de metade dos casos –, seguida,em menor frequência, de ovário, ligamentos largos e restante do peritônio pélvico. Podem ainda ocorrer focos no intestino, na bexiga e nos ureteres, assim como em localizações mais profundas, como assoalho pélvico e plexos nervosos pressacrais, obturatórios e hipogástricos. 

A cada ciclo, tal como o endométrio, os focos aumentam e sofrem inflamação e reparação fibrosa. Com os ciclos subsequentes, esse processo se repete, podendo causar os sintomas e as repercussões da doença, notadamente dor de intensidade variada e infertilidade – de 25% a 50% das mulheres inférteis têm endometriose. 

Embora a laparoscopia com estudo anatomopatológico das lesões seja o padrão-ouro para o diagnóstico final, os métodos de imagem possibilitam orientar adequadamente cada paciente, pois não existe uma “receita de bolo” para o tratamento da doença, que precisa ser individualizado. Na prática, portanto, permitem um aconselhamento clínico e servem para mapear os casos com indicação cirúrgica e para acompanhar tanto as pacientes operadas, no pós-operatório, quanto as pacientes não operadas.

Por que a doença mexe com a fertilidade

É possível que as lesões endometrióticas segreguem prostaglandinas F2 e E2 para o líquido peritoneal, que podem, em teoria, diminuir a fertilidade por sua capacidade de alterar ovulação, motilidade tubária, nidação e fase lútea. A doença causa ainda problemas na foliculogênese, incluindo baixos níveis séricos de estradiol, pequena dimensão dos folículos e menores índices de fertilização dos oócitos. Nessas pacientes, parece também haver dificuldade na captação do oócito pela trompa de falópio e na implantação do embrião no endométrio.

01 de dezembro de 2015