Como flagrar os focos endometrióticos
A caracterização radiológica das lesões é feita principalmente pela ultrassonografia e pela ressonância magnética

O primeiro exame de imagem a ser solicitado na mulher com história sugestiva de endometriose é a ultrassonografi a (US) pélvica transvaginal, preferencialmente com preparo intestinal. O método, acessível e de baixo custo quando comparado à ressonância magnética (RM), tem sensibilidade de 94% e especifi cidade de 98%. Se a avaliação for normal, a paciente tanto pode não ter a doença quanto pode apresentar um quadro inicial, não infi ltrativo. Por outro lado, se o estudo for conclusivo para doença ovariana, retrocervical ou retossigmoide ou, ainda, do trato urinário, o tratamento pode ser indicado sem exames de imagem adicionais. A US ainda se mostra efi ciente para analisar endometriomas maiores que 2 cm, bem como para diagnosticar endometriose de bexiga, na qual o método tem sensibilidade de 71,4% e especifi cidade de 100%.

A RM da pelve tem se mostrado útil nos casos de dúvidas à US, em especial para o diagnóstico diferencial dos cistos ovarianos, quando há envolvimento dos ureteres, de plexos nervosos e do assoalho pélvico, além de ser o método de escolha para o diagnóstico em adolescentes e em mulheres virgens. Por sua capacidade multiplanar e excelente resolução anatômica, o recurso propicia uma visão panorâmica da pelve e dos inúmeros sítios que a endometriose costuma comprometer. Na prática, a RM complementa o estudo ultrassonográfico na avaliação pré e pós-operatória, sobretudo em pacientes com múltiplas lesões e em processos com muitas aderências. Para completar, permite a realização de uma sequência urográfica (URO-RM) na mesma oportunidade, com o propósito de analisar os ureteres. 

Na abordagem diagnóstica da endometriose profunda, a RM apresenta acurácia, sensibilidade e especificidade acima de 90%. A presença de massas ovarianas com hipótese diagnóstica duvidosa também pode ser mais bem avaliada pelo exame, que ainda identifica doença profunda com invasão do trato intestinal, mas sem determinar a camada acometida pela lesão. 

Por fim, a histerossalpingografia igualmente tem utilidade nesse contexto, porém é preconizada nos casos de infertilidade, devendo ser realizada entre o 8º e o 12º dia do ciclo menstrual, evitando-se, assim, a irradiação de uma hipotética gravidez. O método está indicado no protocolo de investigação da paciente com endometriose e infertilidade, servindo para avaliar a função tubária, que, quando alterada, leva à suspeita da condição. Vale lembrar que, em tais casos, o diagnóstico diferencial deve ser feito com doença inflamatória pélvica.

01 de dezembro de 2015