NR-1: Gerenciamento de Riscos Ocupacionais Entra em Vigência em Maio de 2026!

A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) marca um ponto de virada e o reconhecimento oficial de que ansiedade, estresse, burnout, assédio e exaustão emocional são riscos reais e que devem ser prevenidos, como qualquer outro fator de adoecimento no trabalho. 

A Portaria nº 1.419/2024, estabelece que, a partir de maio de 2025, os riscos psicossociais deverão ser tratados com a mesma seriedade que outros riscos ocupacionais, como ruído, substâncias tóxicas ou esforço físico repetitivo. Mas o que diz a nova NR-1 e porque ela muda tudo? Continue lendo.

Você sabe o que é a NR-1?

A NR-1 é um conjunto de diretrizes criadas para garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável. Ela serve de base para todas as Normas Regulamentadoras (NRs) brasileiras, que têm em vista  proteger a saúde e a integridade dos trabalhadores. Entre as principais normas derivadas, estão NR-7, NR-9 e NR-17.  

O que mudou com a nova NR-1 em 2025?

O principal ponto da nova NR-1 é a inclusão, de forma clara e obrigatória, dos riscos psicossociais no escopo do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Ou seja, todas as empresas com funcionários regidos pela CLT precisarão:

• Identificar fatores de risco à saúde mental no ambiente de trabalho;

• Avaliar as condições emocionais exigidas pelas atividades desempenhadas;

• Criar e documentar medidas de prevenção e mitigação desses riscos;

• Monitorar os resultados das ações implementadas.

Essa é a primeira vez que a saúde mental entra oficialmente na legislação trabalhista marcando uma mudança significativa no papel das empresas. Agora, além de prevenir acidentes físicos e ergonômicos, as organizações também devem garantir que fatores psicossociais não prejudiquem o bem-estar e a saúde dos seus colaboradores.

Quando a atualização da NR-1 entrará em vigor?

Como mencionado, a nova NR-1 entra em vigor a partir de maio de 2025. No entanto, as empresas terão um período de um ano para se adaptar às novas exigências, que passarão a ser fiscalizadas com caráter punitivo a partir de maio de 2026. Até lá, a fiscalização será orientadora, e não haverá sanções pelo descumprimento.

NR-1 atualizada: Desafios reais de aplicar a nova regulamentação

Na teoria, tudo parece possível. Na prática, porém, as empresas enfrentam desafios significativos para aplicar a nova NR-1. 

Muitos trabalhadores ainda evitam relatar sofrimento emocional por medo de represálias ou estigmas. Soma-se a isso a falta de preparo de gestores e profissionais de Saúde e Segurança do Trabalho (SST), que nem sempre estão capacitados para identificar e lidar com riscos psicossociais.

Além disso, ambientes organizacionais tóxicos dificultam a aplicação efetiva da nova NR-1. Em algumas empresas, metas inatingíveis, sobrecarga e condutas abusivas da liderança são naturalizadas como parte da cultura corporativa. Em casos mais críticos, a saúde mental ainda é vista como exagero ou tratada como responsabilidade exclusiva do RH.

Apesar dos desafios, há exemplos positivos. Empresas que adotaram canais de escuta ativa, políticas claras de prevenção ao assédio, programas de apoio psicológico e ações educativas apontam melhorias no clima, na produtividade e na retenção de talentos.

Quem deve garantir o cumprimento da NR-1 nas empresas?

Cumprir a nova NR-1 não é missão de um único setor. A construção de ambientes emocionalmente saudáveis exige corresponsabilidade e articulação entre diferentes agentes:

• Empregadores precisam garantir estrutura, recursos e uma cultura que valorize o bem-estar;

• Lideranças devem ser exemplo, estar preparadas para ouvir e agir diante de sinais de sofrimento;

• RH e Segurança do Trabalho são os responsáveis diretos por mapear riscos, propor medidas e acompanhar indicadores;

• Profissionais da saúde como psicólogos, terapeutas, psiquiatras e médicos do trabalho devem apoiar tecnicamente a avaliação dos riscos psicossociais.

Além disso, sindicatos e trabalhadores desempenham um papel essencial na identificação de problemas e na defesa dos direitos relacionados à saúde e à dignidade no ambiente de trabalho. Entre esses direitos está o poder de recusar atividades que apresentem risco grave e iminente à sua saúde ou segurança, de acordo com a Portaria nº 342, de 21 de março de 2024.

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