Em busca de alterações histológicas compatíveis
Em casos duvidosos, a biópsia pesquisa características que, mesmo não exclusivas da DC, confirmam o diagnóstico se associadas aos demais exames.

A biópsia intestinal pode ser considerada em indivíduos com
pesquisa negativa para os anticorpos anti-tTG, anti-EMA e
antigliadina deaminada que apresentem sintomas graves – ou
seja, com forte suspeita clínica do diagnóstico. Na prática,
preconiza-se realizar pelo menos quatro biópsias da segunda
e terceira porções do duodeno – duas por região mencionada –,
além de uma do bulbo duodenal. Esta última recomendação
provém de recentes evidências de que uma pequena minoria
dos celíacos possui uma enteropatia localizada nessa área, sem
alterações histológicas das porções distais do duodeno.

Por outro lado, alguns autores sugerem prescindir do
procedimento na presença de anticorpos anti-tTG francamente
elevados. De fato, além de existir uma correlação linear
significativa entre os níveis séricos de anti-tTG e o grau de
atrofia das vilosidades intestinais, a coexistência de anti-EMA e
anti-tTG elevados confere uma especificidade combinada e uma
probabilidade de identificar alterações histológicas compatíveis
com a doença celíaca muito próxima de 100%.

pesar disso, a biópsia intestinal continua fundamental
para a avaliação da gravidade da doença no que diz respeito
à hiperplasia das criptas e aos variados graus de atrofia
das vilosidades, especialmente em adultos. Nesse sentido,
a classificação de Marsh-Oberhuber foi desenvolvida para
categorizar a progressão das anormalidades, que varia de leve,
marcada pela presença de inflamação do epitélio e consequente
linfocitose intraepitelial, até severa, caracterizada pela atrofia
das vilosidades intestinais. Segundo as novas orientações da
Espghan, o achado de lesões Marsh-Oberhuber grau 2-3 num
indivíduo com sorologia positiva confirma o diagnóstico de DC.

A avaliação histológica não precisa ser repetida após a
instalação da dieta sem glúten, que conduz, na maioria dos
casos, a uma remissão clínica, sorológica e histológica da
enfermidade. Após essa medida dietética, a melhoria clínica e a
regressão sorológica bastam para suportar o diagnóstico.

01 de dezembro de 2014